Heart-beater (never stopper)

Verão 2023. Férias.
Tudo extremamente caro e coisas estranhas acontecendo todas de uma vez só (equipamentos avariando, mobília partindo) e essas coisas transcendem as minhas habilidades de Prof. Pardal/MacGyver, portanto, valem as duas máximas para esta temporada:

Cada escolha é uma renúncia.

Tudo na vida é uma questão de prioridade.

Disto isto, malabarismos feitos, vamos de soluções. Para não passar em branco as férias das crianças, temos ido às festas das juntas de freguesia, aprontado maluquices na cozinha e feito sessões de cinema em casa.

E encontrei uma série que maratonei as duas temporadas numa tarde e estou até agora pensando nela, de tão linda e maravilhosa que é. Pra variar, é de um livro, que ainda não li, mas já imagino que seja muito mais profundo que a série. Na minha opinião o nome do livro está errado, porque o coração não pára, ele bate ainda mais rápido.

Na internet encontra-se uma sinopse facilmente, mas eu vou dar a minha:
“História de como a adolescência está ainda mais difícil hoje do que quando foi a minha adolescência (back to the 90’s), a sociedade ainda é muito preconceituosa e tem muita gente dentro do armário precisando apenas de um abraço forte para saber que cada um pode ser do jeito que quiser”.

A personagem que eu mais adoro na série toda é a mãe do Nick. Os meninos são maravilhosos, claro, mas a mãe do Nick é a mãe que todo adolescente, hetero ou LGBT precisa.
Outra personagem que está no pódio dos meus favoritos é o pai do Charlie. Ele nitidamente não sabe muito bem como agir, mas fará tudo o que for preciso pra proteger o filho de tudo de ruim que possa acontecer.

Terminei a série ontem, perto da meia noite, mas continuo com o coração tão quentinho que não paro de pensar nas personagens.

Hoje cedo fui pesquisar sobre os personagens, atores, autora, casting, etc, enquanto ouvia a playlist oficial da série no Spotify (que por acaso tem algumas músicas da minha playlist Folk & Chill), e descobri coisas lindas! Primeiro de tudo que o critério da escolha dos atores é ter um match da etnia e sexualidade de cada personagem.

Depois fui ver entrevistas e encontrei a página no Instagram (que é a rede social utilizada na serie) oficial, que tem muitos momentos engraçados e parece-me que os atores se dão super bem por trás das câmeras, o que explica um bocado a interação tão linda entre eles.

A história em si é uma fofura, retrata as diversas formas de amor de um jeito muito puro, desde o amor entre amigos até o amor de professores por sua profissão.
Importante destacar que não há sexo, drogas ou uso de álcool (alcool tem apenas num pedaço de um episódio, e uma cena em outro que um aluno tenta colocar álcool na bebida da festa da escola, mas é impedido por um professor).

Fala também sobre todos os problemas que um adolescente vai encontrar: preconceito, homofobia, distúrbios, medos, hating em redes sociais, expectativas frustradas, relacionamentos tóxicos, pais intolerantes e o mais nocivo de todos: o bullying.
Como mãe eu tenho p-a-v-o-r de uma criança minha sofrer bullying. Sei que eles não são capazes de causar bullying a ninguém.

Vi algures na internet (não acho agora onde, mas se eu encontrar ou alguém souber, eu edito e coloco aqui) que esta série é maravilhosas porque não é o retrato da realidade de um jovem LGBT, mas o sonho da comunidade inteira, e apesar de eu imaginar como deve ser difícil no mundo real, acredito que a minha vaga ideia é bem mais amena do que a vivência de cada jovem que quer apenas existir do jeito que é feliz.

A Liv viu alguns episódios comigo e, lógico fez perguntas: “por que ele está chorando?”, “por que ele ta usando o casaco do namorado?”, “por que ela está triste?”, etc.

E conforme a série ia desenrolando ela não questionou em momento algum a homossexualidade ou estranhou as relações que estavam a ser contruídas. Somente perguntou duas coisas:
1) numa cena, em que uma personagem diz “bem, quando você descobre que é gay com quase 30 anos” ela me perguntou “mas como assim a pessoa descobriu que é gay?” e eu expliquei e ela: “mas por que ela tinha dúvida?”
2) o que é “bi”?
Respostas dadas sem mentiras, dentro da compreensão que uma criança de 8 anos tem e sem responder mais do que aquilo que foi perguntado.

Eu não sou a mãe do Nick, mas acho que estou fazendo um bom trabalho com os meus filhotes, pra que saibam respeitar a sexualidade das pessoas e a própria, seja ela qual for.

Termino este post, ainda pensando na série e com profunda admiração pela mãe do Nick e com o desejo de que meus filhos possam viver suas descobertas, amores, amizades, sonhos, sem que ninguém lhes aponte o dedo e dizer que é errado isso ou aquilo.

A vida é um fio

Olá, mundo!

Ontem estava conversando com meu marido sobre diversas coisas, entre elas sobre as nossas inúmeras pesquisas pra morar em outro lugar. Veja bem, estamos felizes aqui, eu realmente estou no lugar que me sinto bem e feliz – apesar de todas as dificuldades que é imigrar e viver num país europeu em crise – mas temos essa mania de pesquisar a vida em outro lugar (custo de moradia, alimentação, educação, saúde, empregos, etc).

Claro que já pesquisamos antes com aquele ar de “quem sabe?”, mas às vezes é mesmo pela curiosidade. Acho que temos um lado nómada dentro da gente e honestamente, se eu ganhasse na Euromilhões certamente não iria gastar o dinheiro comprando coisas, mas vivendo coisas, e certeza que não ia ser num lugar só 😀

Nessas lembranças das pesquisas que já fiz lembramos de um leitor aqui do blog que acabou por se conectar comigo no mundo real e ele sempre (sempre mesmo) me deu força pra voltar pra Portugal. Ficámos amigos nas redes sociais, ele dava altas dicas sobre diversos destinos de turismo e quando as coisas não estavam boas pra gente, ele tentou nos ajudar no que fosse possível, deu dicas de emprego, entregou o currículo do Sergio pra uns contatos em IT, nos orientou até com uma possível mudança pra Suíça.

A rede que nos falávamos era aquela com F, e eu honestamente deixei de lá ir faz tempo. E como falávamos das pesquisas de mudança e tal pensei “Eh, pá! Por onde anda o Rubens? Vou lhe mandar um Olá”.

Desadormeci a rede e não vejo publicações dele desde 2021. Ele não era de publicar tanto, mas honestamente mais de um ano sem publicar era um bocado esquisito. Sei que ele tinha uma filha já adulta e fui pesquisar pelo nome da menina e… Confirmou-se o que eu temia.

Rubens era um querido. Sempre que nos falávamos vinha com palavras de apoio, sempre nos afirmando que tudo ia dar certo. Nunca nos vimos, o que é uma pena. Mas nos falámos depois que voltei pra Portugal. Ele tinha dois filhos um pouco mais velhos que os meus e uma filha mais velha que era o maior orgulho da vida dele. Ele vivia na Suíça e encontrou meu blog quando pensou em vir pra Portugal quando se aposentasse. Acabou por ficar mesmo em Genéve, porque a Carol (minha xará), esposa dele, conseguiu um emprego bem legal e pronto. O que tem que ser tem muita força.

Ele voltou a Portugal algumas vezes a passeio, e sempre que cá vinha me mandava mensagem a dizer que iríamos nos encontrar quando ele viesse de novo depois que eu voltasse pra terrinha.

Acho que nem ele sabe como era querido por nós aqui de casa, meu marido se refere a ele como “o meu amigo da Suíça”. A última vez que falei com ele foi ainda na pandemia, depois que ele fez uma cirurgia ao coração, e já estava em casa, a se recuperar, no meu primeiro dia de emprego.

Eu confesso que as necessidades do dia a dia me atropelaram. Crianças, escolas, necessidade urgente de arrumar um emprego (e veio mesmo a tempo, ufa!), casa, mudança de casa, mudança da escola das crianças, adaptação das crianças, chegada da sogra… E eu mais uma vez me fechei pro mundo (a crise política e humanitária no Brasil também me consumiu) e deixei o blog de lado entre tantas outras coisas e pessoas.

Hoje, sabendo que ele se foi, fico pensando na efemeridade que é a vida. Qual é o nosso tempo? O que faremos enquanto aqui estivermos? Valerá a pena? Que marca deixaremos? E será que queremos deixar marcas?

Este post é uma homenagem singela à energia boa que o Rubens compartilhava com quem ele sequer conhecia, e ele sempre me deu forças pra seguir o meu coração e os meus sonhos.

Faço o mesmo com você, caro(a) leitor(a). Qual é o seu sonho? O que seu coração diz?

Vai com tudo. A vida é um fio. Não espere pelo momento perfeito para viver aquilo que seu coração anseia.

Retornar a Portugal

Resumo para quem chegou agora aqui pelo BanhoDeChuva: prazer, me chamo Carol, casei em 2006, fugimos da violência carioca em 2008, destino Lisboa, criei esse blog, tivemos um cão, dois filhos, perdemos o cão, em 2015 fomos pra Manchester, deu tudo errado, em 2016 voltamos pro Rio, arrependimento imenso, em 2017 tentamos fixar raízes em Curitiba e o coração não sossegou até voltarmos para o lugar que mais amamos no mundo no final de 2019.

Mas por que, Carol?

É… gostaria de ter mais dificuldade em responder isso, mas foram tantas motivações que até me assusto ao me dar por isto. Enumero abaixo as razões que se acumularam, não que elas tenham acontecido exatamente nesta ordem:

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Matricular os filhos em Portugal

Vou explicar aqui como faz a matrícula da sua criança em período de escolaridade obrigatória, bem como a equivalência das habilitações.

Primeiro, você precisa de uma dose de paciência, tanto com a burocracia no Brasil como na dificuldade de conseguir vaga em Portugal. Com a dose de paciência reforçada, vamos ao que fazer em cada lugar.

Antes disso tenha em mente que o ano letivo no Brasil começa em Fevereiro ou Março e termina em Dezembro e em Portugal começa em Setembro e termina em Junho.

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Levar um pet pra Europa: a saga

Desde que decidimos voltar para Portugal, a minha principal pergunta era… e a catiorra? Lógico que ela vem conosco, não há hipótese de deixá-la pra trás. Mas… como? Quanto? Ela de avião?? Como fazer isso?? E é muito detalhe.

Uma prima minha pediu pra passar pra ela as informações todas, comecei a ver que ia levar horas escrevendo isso pelo celular, e talvez esquecesse de algum detalhe. Decidi então criar este post com todas as informações que recolhi. Será longo mas vai esclarecer muitas dúvidas que você possa ter (ou criar novas).
Quando começar? Você precisa de, pelo menos, 120 dias antes da viagem para tratar desses pormenores.

Para transportar um animal para outro país (nomeadamente a Europa) você vai sim desembolsar um bom dinheiro com:

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Eles não precisam de brinquedos

E finalmente fizemos nossa primeira viagem de férias!!! Destino aqui do lado, econômico: Buenos Aires.
Uma cidade que há muito eu quero conhecer e agora consegui resolver essa pendência comigo mesma!
O grande lance é: estamos super acostumados a fazer turismo desbravador só nós dois, mas… como será que vai ser com duas crianças??

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Tenho direito a nacionalidade?

Sabemos que existem diversas formas de imigrar legalmente para outro país, mas nem todas elas são tão simples (ou tão financeiramente sustentáveis). Uma das formas mais “tranquilas” de se viver em outro país é fazer parte dele, e para isso, é preciso ser nacional daquela pátria. Muitos brasileiros estão com o ímpeto de ir embora, mas pegar as malas comprar uma passagem e ir não é sinônimo de solução, mas de problemas.

Portanto, se a pessoa que pretende ir embora tiver uma nacionalidade para o destino que quer viver (ou que permita ter direitos de lá viver) a coisa já fica menos nebulosa. Só preciso ter um sobrenome estrangeiro? Tem que ter parente? Como é que isso funciona?

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Curso part-time na BCIT

Olá!

Vou tentar resumir como funciona o curso part-time, como montar a grade, quando as aulas começam e quando se paga os termos (quanto também, porque deixamos um pedaço do nosso rim lá).

Primeiro vamos pra lista dos cursos part-time  – aqui

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Como fazer BCIT part-time

Hey

Acho que uma das maiores dúvidas sobre a BCIT é sobre como ingressar no curso part-time com equivalência full-time, inclusive foi a minha quando comecei meu plano Canadá e quando me matriculei e estava com dúvidas sobre os créditos.

Bom, vamos por partes. Continue a ler Como fazer BCIT part-time

Para quem não tem medo de se molhar